O PsicólogoEscola
Márcia Quinderé
A evolução da sociedade chega ao 3º milênio com inúmeras transformações que refletem na escola. Aliás, a escola talvez seja um dos locais onde mais se percebem tais mudanças, principalmente as ocorridas na esfera familiar.
A psicologia escolar se coloca, dessa forma, inserida em um ambiente educacional, disponibilizando seu saber e seu olhar em função do processo ensino/aprendizagem.
Como psicóloga da educação infantil em uma escola de grande porte deparo-me, algumas vezes, com pais angustiados com a idéia pré-concebida de que criança pequena só deve estudar em escola pequena. Digo pré-concebida, pois acredito que a escola deve ser avaliada pela sua excelência educacional e não pelo seu tamanho físico.
São inúmeras as demandas onde se faz necessária a intervenção de um psicólogo escolar, não como uma ação isolada, mas totalmente integrada em uma equipe multidisciplinar de trabalho.
O trabalho integrado à supervisão e coordenação pedagógicas possibilita um olhar psicológico desde a definição dos conteúdos, passando pelo planejamento, metodologia, didática, seleção e treinamento de professores.
Entendo que a principal meta de um psicólogo escolar seja o trabalho profilático, principalmente nas séries iniciais, onde o sujeito em formação está mais passível de medidas preventivas nas diversas áreas de seu desenvolvimento.
Nossas crianças são fruto de famílias que passam por um momento de ajuste entre o autoritarismo do início do século passado e a permissividade do final. Nunca a autoridade dos pais foi tão questionada, mencionada em textos e transformada em vários títulos de auto-ajuda. Provavelmente, essa é a principal questão que chega até o psicólogo escolar, a falta de definição dos papéis parentais, a desagregação familiar e a dificuldade em se colocar limites aos filhos.
A falta de clareza no estabelecimento dos limites dá margem a uma série de problemas que podem comprometer a socialização e a aprendizagem da criança.
Penso que o verbo ”Cuidar” diz muito da ação do Psicólogo Escolar, pois é na perspectiva de prevenir, observar, detectar, orientar, acompanhar e, às vezes, encaminhar a profissionais especializados que está centrado seu trabalho, uma vez que a intervenção psicoterápica é exclusiva da psicologia clínica e não da escola.